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Cultura, eficiência urbana e soluções inteligentes encantaram o sócio de Beto Marcelino. Crédito: Asiastock

Beto Marcelino

Beto Marcelino

Sócio-fundador do iCities, hub de negócios em cidades inteligentes que realiza, desde 2018, o Smart City Expo Curitiba. Também é embaixador da Fira Barcelona no Brasil.

Smart Cities

Direto de Taiwan: um pingue-pongue com meu sócio Caio Castro

14/05/2025 12:23
Na última semana de abril, um dos meus sócios, Caio Castro, embarcou para o outro lado do mundo. Ele foi direto para Taipei, que é a capital de Taiwan e um verdadeiro laboratório de tecnologia e mobilidade inteligente. Foi junto com uma comitiva, a convite do Taiwan Trade Center (TAITRA) para uma agenda de reuniões e participação no evento TAIPEI AMPA/2035 E-Mobility Taiwan & Autotronics Taipei, que é uma feira internacional dedicada a autopeças e acessórios.
O Caio foi com uma missão clara: conhecer a cidade e entender como as inovações de lá podem inspirar os nossos municípios por aqui. E como não dá pra deixar essa experiência passar em branco, resolvi puxar um papo com ele neste formato pingue-pongue, com direito a insights, mas também com confissões de bastidores. Vamos nessa!
Caio, você já viajou muito a trabalho, mas conta aí: qual foi a primeira coisa que surpreendeu você quando pisou em Taipei?
À primeira vista, Taipei não é uma cidade extremamente moderna ou tecnológica, mas o que mais me surpreendeu foi a diferença cultural. Ao caminhar pela cidade, pude ver ruas largas, muitas delas com áreas cobertas, para ajudar a lidar com os longos períodos de chuva que os taiwaneses enfrentam. Tive a sensação de que tudo funciona de forma muito eficiente. Há muitas ciclovias nas calçadas, pontos de ônibus impecáveis e um trânsito exemplar, com muito zelo, respeito e organização. Mesmo sendo um grande centro urbano, a cidade, e principalmente o trânsito, opera em impressionante harmonia.
Teve alguma solução que pareceu "futurista demais" ou você acha que tudo ali já está virando realidade?
No Brasil, especialmente em Curitiba, não estamos tão distantes deles em termos de tecnologia, comparado ao que pude ver em Taipei. Toda a estrutura de mobilidade urbana, como BRTs e bike sharing, funciona de maneira eficiente por meio de ferramentas simples. Os pontos de ônibus são extremamente bem sinalizados, principalmente nas áreas próximas às escolas, mostrando que a tecnologia pode atender à população de forma funcional, sem ser extremamente high tech com itens futuristas.
O que vi de mais tecnológico foi o prédio Taipei 101 (imagem), que é uma referência internacional. Ele foi construído com uma tecnologia desenvolvida para minimizar os impactos de terremotos: um contrapeso de mais de 600 toneladas, que fica no último andar do prédio e funciona como um pêndulo, mantém o edifício estável durante os tremores. Embora não seja baseado exclusivamente em alta tecnologia, se trata de uma solução inteligente de engenharia, que já vem sendo replicada em outras partes do mundo e me chamou a atenção.
Se você pudesse trazer algo de Taipei para Curitiba (pode ser uma tecnologia ou um comportamento urbano), qual seria?
Como comportamento urbano, acredito que podemos ganhar muito se nos inspirarmos na capacitação e educação da população. Por exemplo, ao implementar novas soluções ou tecnologias, é importante que se faça campanhas educacionais para capacitar a população para a sua utilização. Muitas vezes, pode haver a implementação de uma nova tecnologia na cidade, porém, se a população não sabe utilizá-la ou não se sente confortável para isso, pode não funcionar tão bem. Eu acredito que o primeiro passo seja de extrema importância, o de educar a população para a sua utilização, para assim aumentar seu potencial e servir à comunidade de uma forma mais eficiente.
Também pude ver um extremo respeito com as escolas e com os estudantes. A sociedade acolhe os estudantes no trajeto de ir e vir, por meio de uma verdadeira “força-tarefa” para garantir a segurança dos estudantes no trajeto. Achei as escolas lindas, e muito imponentes, em questão de tamanho ocupam quadras inteiras. Tive a impressão de que esse “tamanho” é proporcional à reverência dos taiwaneses por sua importância.
Na sua visão, como a experiência pode impactar a atuação do iCities nos próximos projetos no Brasil?
Essa experiência pode influenciar de forma direta e bastante positiva os nossos projetos. Acredito que seja fundamental romper fronteiras e estar cada vez mais presente no cenário internacional, representando Curitiba e o Brasil em discussões com empresas pioneiras em soluções inovadoras. Tive a honra de participar de uma roda de conversa e negócios promovida pela TAITRA, onde estavam presentes apenas empresas selecionadas, todas voltadas para a discussão da eletromobilidade veicular e de bicicletas, e isso foi extremamente enriquecedor. Ter a oportunidade de representar o iCities e trocar ideias com pessoas de diferentes partes do mundo nos fortalece ainda mais como o hub pioneiro em cidades inteligentes do Brasil.
Agora sem “tecniquês”: qual foi a comida mais inusitada que você experimentou por lá?
Confesso que fui mais conservador nas minhas aventuras gastronômicas durante esta viagem. Porém, algo que experimentei e gostei muito foram cogumelos na chapa com molhos agridoces variados. Estavam muito bons!
Por fim, completa a frase: “Voltar de Taiwan foi…”
…muito inspirador! Viver uma experiência em outra cultura, e ver de perto um país pequeno, mas altamente organizado e educado, que tem lutado para defender sua independência, foi muito marcante. Taiwan é uma potência e representa uma grande fonte de inspiração para nós.