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Gerar conteúdo nunca foi tão fácil,mas a padronização massiva se tornou um problema. Crédito: Sielan.

Thiago Muniz

Thiago Muniz

Thiago Muniz é CEO da Receita Previsível Consultoria, professor na FGV em todo o Brasil de marketing e vendas e mentor de negócios.

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Conteúdo commodity: copiar e colar nunca foi tão fácil e tão inútil

11/06/2025 13:02
A inteligência artificial trouxe um avanço impressionante na produção de conteúdo. Nunca foi tão simples gerar textos, vídeos e imagens com poucos cliques. No entanto, como toda tecnologia de fácil acesso, ela gera um efeito colateral: a padronização massiva.
Segundo um estudo da Europol, 90% do conteúdo gerado na internet pode ser criado por inteligência artificial até 2026. Uma pesquisa da Originality.ai mostrou que 57% de tudo o que consumimos na web já é produzido por robôs. Não é apenas uma tendência, é uma avalanche. Mas, se todos podem criar conteúdo de forma automática, qual é o real diferencial? A resposta é clara: nenhum.
O mercado foi tomado pelo chamado "conteúdo commodity", materiais genéricos, indistinguíveis e replicáveis. Se antes já enfrentávamos a inflação da informação, agora temos a inflação da irrelevância.
Sabemos que toda ferramenta nova que promete facilitar a vida também tem um preço. Copiar e colar ficou muito fácil, mas também pode se tornar muito inútil. Já parou para pensar que, se você tem acesso a uma ferramenta que escreve sua abordagem de vendas ou cria seu criativo, seu concorrente também tem? O grande desafio é que o conteúdo está virando commodity. Como se diferenciar no meio disso tudo?
Por que o conteúdo commodity é um problema?
No mundo das vendas e do marketing, está cada vez mais evidente que os métodos tradicionais de prospecção estão perdendo força. Dezenas de diretores de vendas e CROs com quem conversei relatam que:
  1. Disparos massivos de e-mails frios não têm mais impacto.
  2. Cadências longas e automatizadas resultam em cada vez menos respostas.
  3. A repetição do mesmo discurso em canais diferentes gera desgaste e rejeição.
O problema central é que, quando todo mundo tem acesso às mesmas ferramentas, o diferencial deixa de ser a tecnologia e passa a ser a estratégia. Pedir para um robô escrever um texto não é inovação — é o novo básico.
A inteligência artificial não é o problema. Ela pode ser uma muleta ou uma alavanca: se você não tiver conhecimento profundo sobre o tema, não fará diferença. Será apenas uma muleta, deixando você igual a todo mundo. Mas, se você souber usar, pode ser uma alavanca para impulsionar seu trabalho. A grande questão é: como usar a IA sem se tornar mais um na multidão?
A nova dinâmica da diferenciação
No passado, escalar um negócio dependia de alcance e volume. Hoje, com a IA nivelando a produção de conteúdo, a verdadeira vantagem competitiva está na diferenciação.
O que separa os negócios bem-sucedidos dos que se perdem na multidão é a capacidade de criar mensagens únicas e personalizadas. Isso significa que empresas que focam apenas na automação sem um direcionamento estratégico acabam criando uma comunicação mecânica e facilmente ignorável.
As marcas que se destacam são aquelas que adicionam um toque humano, que compartilham histórias reais e que trazem insights únicos que não podem ser simplesmente reproduzidos por um algoritmo.
O que fazer para fugir do conteúdo commodity?
Segundo a Gartner, "o marketing baseado em personalização aumenta em até 80% as chances de conversão". Isso significa que, em um mar de repetição, a originalidade se torna um ativo valioso. Para escapar da armadilha do conteúdo genérico, é fundamental:
  1. Produzir conteúdo com opinião e vivência real — Histórias e experiências são muito mais difíceis de serem replicadas por IA.
  2. Criar uma marca autêntica e uma voz própria — Posição clara e autoridade são escudos contra a mesmice.
  3. Focar em influência, não apenas em conversões — Ser uma referência no mercado é mais lucrativo do que depender de um funil mecânico.
  4. Explorar formatos diferenciados — Textos genéricos são facilmente substituídos por IA, mas vídeos, interações ao vivo e experiências imersivas ainda carregam um peso humano impossível de replicar.
A IA pode facilitar a produção de conteúdo, mas não substitui o pensamento estratégico, a construção de autoridade e o seu lado genuíno.
A era da reinvenção do conteúdo
O conteúdo mudou. Quem continuar apostando no "fordismo de conteúdo" está fadado à irrelevância.
O futuro pertence a quem domina a arte de comunicar de forma autêntica, com senioridade e inteligência. Em um mundo onde tudo se parece, ser genuíno, inteligente e autêntico é a opção mais lucrativa.