
Lucas Marques Vieira
Lucas Marques Vieira é Mentor de líderes, palestrante, advisor, conselheiro consultivo e fundador e CEO da LEAD Gestão Empresarial.
Connect Executive Hub
A banalidade do pensamento
A maioria das organizações morre em silêncio. Não por falta de esforço. Nem por más intenções. Mas por excesso — de decisões tomadas no piloto automático.
Repetem o que fizeram ontem. Replicam o que os outros estão fazendo hoje. E chamam isso de estratégia.
Cometem o mesmo erro, só que com nomes diferentes. Aplicam frameworks prontos, sem reflexão. Implementam projetos que não se conectam com a direção real da empresa. E quando falham, culpam o mercado, o time, o tempo. Nunca a forma de pensar.
A filósofa Hannah Arendt chamou de banalidade do mal a capacidade de cometer absurdos sem refletir — apenas seguindo ordens.
No mundo corporativo, o cenário é menos dramático, mas não menos perigoso. É o que chamo de banalidade do pensamento: o risco de tomar decisões relevantes sem profundidade. De operar com consistência… mas sem consciência.
Não é maldade. É ausência de crítica.
Não é incompetência. É repetição inconsciente.
Não é falta de atitude. É excesso de movimento sem direção.
Não é sobre a melhor resposta. É sobre a pergunta certa.
Liderar exige lucidez. Saber parar pra pensar. Questionar padrões. Desconfiar do que parece óbvio.
Porque quando o pensamento se ausenta, o sistema repete. E quando tudo se repete, a evolução trava.
Sem pensamento crítico, não há visão sistêmica. Sem visão sistêmica, o presente até entrega… mas o futuro se perde antes de nascer.
Se a sua empresa está rodando, mas não está evoluindo, o problema pode estar nos líderes. Na forma de [não] pensar que eles herdam, e vivem sem questionar — e se tornam banais.
Mas, por enquanto, deixo uma pergunta incômoda: O que você continua fazendo… simplesmente porque “sempre foi assim”?
A brand strategist Alessandra Cavendish diz: “Há alguns anos venho percebendo que a maioria das minhas reuniões com prospects giram em torno de um grande objetivo: mudar. Mudar o discurso, mudar a identidade, mudar a forma com que se relacionam com o cliente e com o mundo. Às vezes, mudanças grandiosas, às vezes, mudanças sutis. É como se várias lideranças tivessem acordado um dia e decidido que a hora é agora, pra ontem, pra já. Como se a vontade ou possibilidade de mudança já fosse suficiente para nos colocar um passo à frente, em um novo lugar idealizado que, muitas vezes, enterra o passado, comprime o presente e glorifica o futuro. Aquele futuro onde tudo é possível e onde tudo vai ser melhor, mas, lá se vão 12 anos de trabalho com marcas para afirmar que no 1kg de esperança, sempre vem 100g de ilusão".
Ela continua: "Vejo muita marca fazendo rebranding quase como uma obrigação, o que o Lucas Marques traduziu com precisão quando fala sobre o 'excesso de movimento sem direção'. É como se ninguém quisesse ficar parado para não ser atropelado pelo ritmo aceleradíssimo da “inovação”, mas esquecendo principalmente de que toda grande mudança é fruto de um processo robusto de elaboração, e quando a gente não elabora, o que acontece é exatamente o oposto da transformação: a repetição. É psicanálise freudiana sim, mas se aplica perfeitamente à gestão".
Alessandra també, argumenta que "em um contexto onde poucos são os lúcidos e muitos são os loucos, precisamos, todos os dias, relembrar que nem toda mudança começa com uma tentativa de revolução. Primeiro a gente muda o nosso olhar, depois a gente muda o nosso comportamento. Primeiro a gente entende quais são as perguntas, depois a gente vai em busca das respostas. Como já expressava Jung, a reflexão é a antessala da criatividade, e com mais de 200 projetos já executados, consigo afirmar claramente que não existe reflexão sem incômodo, assim como não existe transformação genuína sem elaboração".
"Nesse momento em que tudo vira uma promessa de futuro e em que todo mundo tem uma opinião, eu, honestamente, só espero que a gente desenvolva cada vez mais a nossa capacidade humana de análise e observação, pensando criticamente e criativamente para evitar sempre voltar (consciente ou inconscientemente) pra mais pura inércia da repetição”, finaliza.
A potência da diferença: inteligência coletiva versus o pensamento automático
Para Silvana Pampu, Founder do Connect Executive Hub, estamos em um mundo corporativo marcado pela velocidade e pela busca incessante por respostas imediatas, pensar tornou-se um ato quase subversivo. A filósofa Hannah Arendt alertou para os perigos de agir sem reflexão — a chamada "banalidade do mal". Em paralelo, o mundo organizacional vive sua própria versão disso: a banalidade do pensamento. Uma forma de rompê-la? A diversidade cognitiva.
Pesquisas da Harvard Business Review mostram que equipes com maior diversidade — de gênero, raça, cultura e experiência — tomam decisões mais eficazes e inovam com mais frequência. No Brasil, a antropóloga Lilia Schwarcz reforça que a pluralidade de visões é essencial para romper com padrões coloniais e automatismos históricos que ainda se reproduzem nas relações sociais e institucionais. Quando nos cercamos apenas de quem pensa como nós, alimentamos um perigoso consenso inconsciente que reforça o status quo.
O filósofo francês Edgar Morin defende a complexidade como ferramenta essencial para o pensamento crítico. E pensar de forma complexa exige conviver com o diferente, o contraditório, o incômodo. Empresas como a Pixar e o Google adotam práticas deliberadas de "fricção criativa", reunindo pessoas com visões divergentes justamente para evitar o piloto automático decisório. A estratégia, portanto, não nasce apenas do raciocínio linear, mas do atrito entre olhares diversos que desafiam certezas fáceis.
Mais do que uma bandeira ética ou de inclusão, a diversidade é uma alavanca estratégica. Pensar diferente — juntos — é o primeiro passo para sair da repetição e construir verdadeiras transformações.
É nesse espírito que iniciativas como o Connect Executive Hub ganham relevância estratégica. Mais do que um espaço de conexão, o Hub é uma comunidade viva de líderes, pensadores e executivos que compartilham o compromisso com a evolução constante. Ao reunir perfis diversos em um ambiente que estimula o pensamento crítico, o Connect promove interações significativas, fomenta novas ideias e acelera o desenvolvimento de soluções inovadoras. Fazer parte do Hub é integrar um ecossistema onde a reflexão não é exceção — é a regra.
É nesse espírito que iniciativas como o Connect Executive Hub ganham relevância estratégica. Mais do que um espaço de conexão, o Hub é uma comunidade viva de líderes, pensadores e executivos que compartilham o compromisso com a evolução constante. Ao reunir perfis diversos em um ambiente que estimula o pensamento crítico, o Connect promove interações significativas, fomenta novas ideias e acelera o desenvolvimento de soluções inovadoras. Fazer parte do Hub é integrar um ecossistema onde a reflexão não é exceção — é a regra.
Connect Executive Hub
O Connect Executive Hub promove uma Confraria de Executivos com membros de diversos segmentos, estados e países. A jornada de desenvolvimento executivo oferecida amplia o repertório e fortalece o networking com profissionais sêniores. Para se tornar membro, agende um bate-papo pelo site.
Próximos encontros do Connect Executive Hub
- Dia 29 de maio: Connect Dinner - "Histórias, Experiências e Novas Conexões". Evento presencial em Curitiba. Mais informações e inscrições no site.